O primeiro baterista e co-fundador da banda Engenheiros do Hawaii, Carlos Maltz, lançara em 2010, o seu primeiro livro, Abilolado Mundo Novo.
No livro, além do "bate-papo-pop" com os internautas, Maltz resume em forma de palavras, a sua trajetória e sensações que passara com os Engenheiros do Hawaii.
Abaixo, segue um dos melhores trechos do livro Abilolado Mundo Novo.
"No dia 11 de janeiro de 1985, em comemoração ao término do ano letivo, o pessoal do diretório acadêmico da faculdade de Arquitetura promoveu uma festa, cuja atração principal era uma banda formada unicamente por alunos da faculdade.
Desde o vestibular, em 1980, quando ganhei minha primeira bateria, vinha tocando em grupos amadores, gostava muito da "coisa", mas nunca cheguei a pensar em encarar profissionalmente.
Quando o pessoal da faculdade veio com o convite para a festa do dia 11, achei divertido. Já tinha tocado algumas vezes com o Carlos Stein (que veio a ser o guitarrista da banda Nenhum de Nós). E, uma vez, com o Humberto Gessinger que na época tinha uma guitarra semiacústica e fazia umas letras bem "esquisitas".
Eu, Stein, Gessinger e um cara da faculdade que tocava baixo, o Marcelo Pitz, fizemos então a primeira formação dos Engenheiros do Hawaii. Quem inventou o nome foi o Gessinger. Era uma "tiração de sarro" em cima dos caras da Engenharia que viviam no bar da arquitetura atrás das "nossas meninas". Tinha a ver com "surfista calhorda", aqueles caras que não surfam nada e ficam passeando com a prancha em cima do carro para impressionar a galera.
O show foi um sucesso e acabamos sendo convidados para tocar em uma casa noturna chamada "433". Passamos o verão ensaiando, em março, já como um trio (Humberto Gessinger na guitarra e voz, Marcelo Pitz no baixo e vocais e eu na bateria), começamos uma temporada de shows que acelerou o caminho para a profissionalização. Rapidamente estávamos gravando umas fitas-demo com os primeiros sucessos do grupo: "Spravo", "Segurança" e "Sopa de Letrinhas".
Ao contrário do que acontece hoje, algumas rádios da época, especialmente a Rádio Ipanema FM, tinham um espaço aberto para a produção local, e nossas fitas começaram a tocar diretamente.
Aproveitando o sucesso, começamos a viajar pelo interior do Rio Grande do Sul, ganhando algum dinheiro e muita experiência.
Ainda em 1985, um curso pré-vestibular de Porto Alegre organizou um festival reunindo as 10 maiores bandas da cidade no "Gigantinho". Éramos uns novatos ilustres desconhecidos, mas as músicas estavam "pipocando" na rádio Ipanema. Ocupamos a 10ª vaga.
Um "olheiro" da Gravadora RCA assistiu ao festival. Escolheu cinco bandas e fechou um contrato para a gravação de um "pau-de-sebo": o Rock Grande do Sul. Lá estavam os ilustres desconhecidos. Os favoritos eram Replicantes e Garotos da Rua. Eles foram para o Rio, gravar no estúdio principal, e para nós sobrou um estúdio semiabandonado em São Paulo. Era um lugar congelado no tempo, parecia que tínhamos voltado para os anos 1960. Desde o produtor, até os instrumentistas, passando pela decoração do estúdio, tudo cheirava a Jovem Guarda.
Gravamos "Sopa de Letrinhas" e "Segurança" e fomos a "zebra" da coletânea. Em poucos meses estávamos de volta a São Paulo (dessa vez, por livre e decidida vontade), para gravar o nosso primeiro disco elaborado. Era o tempo das bandas urbanas: Legião Urbana, Plebe Rude, Paralamas do Sucesso, RPM, Capital Inicial. Queríamos com uma cara mais romântica, por isso aquela paisagem bucólica e o nome Longe Demais das Capitais.
O disco tocou de "A a Z" e nós nos tornamos uma banda nacional. Éramos, em pouco mais de um ano, um dos maiores fenômenos de sucesso de um artista da música do Rio Grande do Sul de todos os tempos. Com uma produção semicaseira, ainda ensaiando na casa dos meus pais em Porto Alegre, lotávamos ginásios no Brasil inteiro. "Congelamos" a faculdade. Éramos músicos profissionais.
No ano de 1987, já estávamos preparando o próximo: A Revolta do Dândis. Marcelo Pitz, que era um cara meio zen, não aguentou o estilo neurótico-maníaco-depressivo que os Engenheiros do Hawaii cantavam e viviam e caiu fora antes do começo das gravações.
Mais ou menos naquela época, fui a um show da banda Echo and the Bunnymen, no Canecão, no Rio. Fiquei um tempão trocando ideia com o Augusto Licks, que era guitarrista do Ney Lisboa, um antigo ídolo nosso de Porto Alegre. Quando cheguei no hotel, falei pro Humberto: "Cara, tu não vai acreditar, sabe com quem eu tava falando?" Com o Augusto Licks". E ele: "Vamos convidar o cara para entrar na banda".
Quando o Pitz saiu, ficamos eu e o Humberto ensaiando sozinhos. Ele havia comprado um dos baixos Rickembaker do Pitz e precisávamos de um guitarrista. Augusto aceitou. Em pouco meses estávamos no estúdio gravando A Revolta dos Dândis. Aquele disco marcou o início de uma parceria de durou até 1994, rendeu 7 discos. Todos foram Disco de Ouro e um O Papa é Pop alcançou a Platina, que naquela época era para vendagens acima de 250.000 cópias no primeiro ano de vendas dos disco. O trio "G.L.M" escreveu o seu nome no panteão do rock brasileiro.
Fomos amados, odiados, bombardeados pela crítica, lotamos ginásios, fomos a Moscou, Japão, Estados Unidos e nos separamos em 1995, sem nenhuma elegância."
Editora: Via Lattera.
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E já está no forno a segunda edição, escrito por Carlos Maltz: AMNII - #pensarÉgrátis... (ainda)
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