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Foto: Humberto Gessinger - Arquivo Pessoal. |
Em mais uma entrevista ao Blog Parabólicas Hawaiianas, o Humberto Gessinger fala sobre os seus "novos horizontes", nessa infinita highway.
E mais: alguns fãs do músico participaram enviando perguntas à nós, pelo twitter, que foram selecionadas para a entrevista.
De forma autêntica, abaixo segue a entrevista:
1- Blog Parabólicas Hawaiianas: Muitas pessoas o consideram um filósofo, pela profundidade de suas letras. No começo do Engenheiros do Hawaii, você já tinha uma visão de que suas composições fossem encaradas pelos fãs como aforismos, e que muito do que está escrito nessas letras pudessem servir de inspiração e até espelhassem situações parecidas com as pessoas que ouvem as músicas do Engenheiros?
(@valeria_strange)
Humberto Gessinger: Não, nunca pensei e procuro não pensar neste tipo de relevância. Tenho medo de perder a naturalidade se começar a racionalizar o processo. Quando escrevo, sinto que estou conversando comigo mesmo. Não me parece que aquilo vá interessar a mais ninguém. Mas é claro que acho ótimo que, depois, outras pessoas entrem no papo.
2- BPH: Humberto, como é sua relação com a Literatura? Tem algum autor preferido? (@Belzinhar)
HG: Ao contrário da música, não tenho autores preferidos na literatura... há livros como Grande Sertão:Veredas, 100 Anos de Solidão, O Estrangeiro, A Peste, Lobo da Estepe dos quais gosto tanto quanto de alguns discos. Mas, com músicos, tenho uma relação mais passional do que com escritores.
3- BPH: Há muitos trocadilhos (não sei se a palavra certa é essa) inteligentes e frases históricas ou de contexto político em suas músicas como em: Nunca se Sabe ; Alivio Imediato; Infinita Highway; Terra de Gigantes e muitas e muitas outras. A minha curiosidade é se você tem algum livro de rimas ou se essas combinações de palavras é algo natural que simplesmente brotam da sua mente? Por acaso você faz algum estudo a respeito de algum assunto q aparece em suas musicas ou tudo o que você coloca em suas músicas são coisas que já estão em sua mente q você aprendeu no decorrer de sua vida e você guardou na cabeça? (@FabioBlan)
HG: Nunca vi um dicionário de rima. Existe? Pensei que era lenda. Acho que temos que dar espaço para a casualidade, para as lembranças e os lapsos de memória. Escrevo como penso, não ponho luvas nem uniforme pra escrever. Não tenho lugar nem hora especial para escrever. Minha escrita não é revelação do que sou, ela É o que sou.
4- BPH: Tenho 18 anos e entrei recentemente no "mundo" EngHaw e Pouca Vogal. Admiro muito seu trabalho, parabéns! Humberto descreva com uma palavra/música o quanto Engenheiros e Pouca Vogal significam pra você e dedique uma canção para todos os fãs. (@Luana_EngHaw)
HG: Seja bem vinda! Mais do que uma canção, eu dedicaria minha carreira inteira. Eu não sou ator nem tô-a-toa, então minhas bandas são minha vida.
5- BPH: Humberto, você está satisfeito com “aceitação” dos fãs dos Engenheiros do Hawaii em relação com o Pouca Vogal? (@XandeEnghaw)
HG: Ah, os De Fé acarinharam desde cedo o projeto. Foi fundamental, pois eu estava muito só. Muita gente achando loucura o que eu estava fazendo. Também, nas internas, eu estava só. Ali, rolava uma euforia natural, pois, para o Duca e a equipe, era um momento de expansão, de maior exposição, de chegar a lugares onde eles nunca tinham estado. Para mim, era o contrário: hora do mergulho, momento de concentração. Os fãs me fizeram companhia, como sempre.
Entendo o estranhamento inicial que o PcVgl gera, afinal, é um formato inédito. Às vezes rola uma tentativa forçada de criar simetria entre eu e Duca. Não é por aí. Tivemos histórias muito diferentes e também somos diferentes na nossa relação com a arte, com a vida. Acho os EngHaw bem diferentes do público da Cidadão Quem. O bacana é ver e respeitar estas diferenças. Não encarar PcVgl como melhor ou pior. É diferente.
6- BPH: Humberto comparando o livro “Pra Ser Sincero” com o “Mapas do Acaso”, muitos leitores sentiram que o MdA45 estava mais “filosófico” a “biográfico”. Afirma essa opinião? (@BPH_EngHaw)
HG: Sim, o PSS123 tem maior compromisso com cronologia, discografia, datas e nomes. MDA45 é menos linear, mais pessoal e subjetivo. São complementares, um não existiria sem o outro. Dois lados da mesma moeda. Escrevi os dois quase ao mesmo tempo. Enquanto escrevia o PSS123, pintavam ideias que pediam outro tom. Logo descobri que ali estava a semente de outro livro, o MDA45.
7- BPH: Em relação ao Pouca Vogal, têm planos para um novo CD? (@BPH_EngHaw)
HG: Desde a gravação, eu mudei muitas coisas: incorporei synth, percussão com os pés, tô sempre buscando... quando vejo o DVD sinto falta de ter registrado isso. Mas ainda não sei se gravaremos novo DVD. Se gravarmos, depois de gravarmos, sei que já terei acrescentado outras coisas, continuarei buscando... é assim. Todo e qualquer registro é parcial. Melhor que seja assim. A vida é sempre maior.
8- BPH: Há composições novas para o duo Pouca Vogal? (@BPH_EngHaw)
HG: Tenho coisas novas. Ainda não suficientes para um álbum. Também não sei sob que forma elas verão a luz do sol. EngHaw, PcVgl, HG3, videOsamas... Será que ainda existe a palavra álbum? Não tenho mais a ansiedade de lançar material novo que eu tinha. Se o solo parece não estar muito fértil lá fora, prefiro segurar as sementes um pouco mais.
9- BPH: Humberto, você pensa fazer shows com o Pouca Vogal, fora do Brasil? (@BPH_EngHaw)
HG: Pelas experiências que tive lá fora, com EngHaw, acho que PcVgl iria muito bem no exterior. Se pintar convite, a gente vai.
Entrevista: 08/07/11
Blog Parabólicas Hawaiianas no twitter: @BPH_EngHaw
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